Cartas na Mesa… Dungeons And Dragons – Honra entre os Rebeldes

Vou acusar o golpe: Eu não sou mais tão simpatizante de D&D quanto era no tempo da minha adolescência e no período da faculdade, mas inegavelmente é o sistema que deu início a tudo, revolucionou os jogos de mesa e sedimentou todo o meu gosto pelo hobby como o de tantos outros RPGistas.

Antes de pontuar essencialmente minha análise sobre o filme, é necessário apontar o elefante na sala: o subtítulo brasileiro em relação ao Honor Among Thieves. Apesar de realmente ser um filme voltado para simpatizantes do RPG, também é um filme para o público em geral, e talvez uma tradução literal do subtítulo soasse inconveniente por várias questões particulares por tanto de faixa etária quanto socioculturais dentro do próprio país. No mais, apesar de estranho, não é algo que atrapalhe o expectador geral.

Honra entre os Rebeldes não é a primeira entrada de D&D nas telas de cinema, na verdade desde os anos 2000 a Hasbro tentou contar as histórias deste RPG medieval, todas elas foram grandes falhas críticas e até são esquecíveis. Se até então você nem sabia que tiveram outros filmes de D&D, está tudo bem... faz bem não saber.

Já tem alguns anos que a Hasbro tem tomado algumas decisões comerciais acertadas cedendo sua marca para séries e animações. Seja ela com uma referência base em alguns elementos da franquia Stranger Things, ou mesmo trazendo na reprodução animada das narrativas de Critical Role. Por conta disso, o anúncio do filme teve uma recepção bem positiva comparado aos filmes anteriores, somando o fato de trazer atores que já marcam presença em outras obras nerds, já se criava uma expectativa agradável sobre o filme.

Mas e o filme? Como é que é? Então, o filme é como muitos tem falado: Parece uma aventura de RPG entre amigos! Mas uma aventura entre amigos que foi pro cinema! O filme conta a história do Bardo Edgin Darvis, um bardo que pertencia a um grupo chamado de Harpistas. Porém alguns eventos importantes da vida dele o colocaram numa prisão, algo que é contado, em tom de humor, nas cenas iniciais, durante um entrevista semelhante ao filme de prisão Um Sonho de Liberdade. Lá ele faz um resumo dos seus antecedentes e de sua amiga Holga, e o seu principal objetivo, rever sua filha.

Nas suas pouco mais de 2hs, que passam até que bem rápido, o filme se propõe a enxugar algumas coisas que talvez não fossem capazes numa partida de RPG, como as histórias de alguns personagens, ou mesmo algumas resoluções de cena. Os vilões, por exemplo, já são estabelecidos deste o início.  Um dos seus maiores méritos é conseguir explorar o universo de D&D sem ser algo restritivo, que necessite que o espectador pesquise coisas antes de ir ao cinema. Apesar de obviamente o filme não explorar tudo de cada organização ou grupo, os elementos que precisavam ser inseridos na história são postos de maneira bem acertada.

Humor e aventura são presença principal no filme, produzindo momentos dramáticos em seu climáx, algo que intencionalmente ou não, pega influências de filmes da franquia MCU, o que não é um ponto negativo, apesar de eu também não ser adepto de filmes de heróis. A decisão foi boa pra poder produzir a sintonia necessária de um grupo de RPG. Por outro lado, ainda dá pra ver que algumas coisas podem não ter ido tão bem. Algumas piadas faltaram um pouco de timing, enquanto que alguns personagens, do elenco principal mesmo, não foram tão bem desenvolvidos ou tiveram suas resoluções pessoais resolvidas sem muito esmero. Provavelmente isso tenha sido por conta do tempo do filme e a priorização na história principal que precisava se concluir. O filme também conta com uma série de conveniências, mas dou um desconto sobre isso por dois motivos: O filme se estabelece como um mundo de alta magia, em que até itens que parecem comuns podem na verdade ser objetos encantados com utilidades únicas. O outro motivo é que o mestre/roteirista talvez seja alguém mais permissivo que eu.

Honra entre os Rebeldes é muito bom e um retorno de D&D ao cinema mais que desejado, e vocês estão lendo isso de quem manda o mestre fazer uma ficha de bárbaro por pura preguiça! Além de dar um novo respiro para fantasias medievais, que são filmes bem pouco procurados no cinema, também promove a redenção da franquia de RPG para o cinema. O filme ainda traz algumas pontas soltas para uma possível continuação, ou quem sabem sequências de filmes antológicas. Para todos os efeitos, existem grandes chances de termos mais D&D nos cinemas e nas mesas de RPG!

3 comentários!

  1. Bela resenha meu caro, esse filme de D&D me deixou com aquele gostinho de literalmente uma aventura que o roteirista viveu em uma mesa com os amigos e decidiu transformar em um filme, é clichê mas espero por um filme nesses moldes com os personagens clássicos do desenho A Caverna do Dragão.
    • Outro dia esbarrei com a notícia de que o Vingador pode fazer a transição sendo adaptado para Forgotten Realms... Então o sonho de ver Caverna do Dragão nos cinemas não morreu! Hehehe!
  2. Honra entre Rebeldes foi uma agradável surpresa! Depois da sessão meu sobrinho até me pediu para que jogássemos juntos, o que para um RPGista é veredito para flime bom! Hehehe! Sem dúvida onde o filme brilha ofusca os pontos fracos que surgem ocasionalmente na produção, a única coisa que realmente me desagradou foi a covardia da localização que traduziu "thieves" como "rebeldes", hahaha! No mais, adorei a Sofina como antagonista e por Tymora, alguém tem que fazer um spin-off com a Doric!

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