Quando eu e meus amigos resolvemos montar uma sala de boardgames às pressas pro Fest Fantasy 2019 há dois meses atrás, nós esperávamos poder ensinar as pessoas a jogarem os nossos jogos e dar um rolê pelas outras salas, ver um dorama, dançar um Just Dance, passar vergonha tentando montar um cubo mágico...
Mas acabou que, segundo ouvimos mais de uma vez, a nossa sala foi a mais movimentada do evento. Eu mesmo não posso afirmar ou negar a informação, porque só consegui sair da sala duas ou três vezes ao longo do dia pra ir no banheiro. Almoçar então... Devo ter levado quase uma hora pra terminar de comer de tanto que parava pra atender as pessoas que entravam pra conhecer a sala.
Eu não percebi na época, mas olhando hoje, aquela nossa sala teve mais pessoas jogando do que todas as salas de boardgames que eu já estive em outros eventos. Juntas.
O sucesso da sala nos empolgou e a gente começou a pensar grande. Por que esperar o próximo evento geek pra fazer de novo? Por que não tentar fazer um evento nosso? Será que só tivemos público por que estávamos no lugar certo na hora certa?
Graças ao formulário que pedimos pro público responder em novembro, conseguimos apresentar dados ao SESC Castanhal para mostrar que o público jovem da cidade tinha interesse na atividade, e com isso conseguimos o espaço pra realizar nosso próprio evento.
Nesse meio tempo, fomos procurados pela Secretaria de Cultura de Castanhal, e quase deu certo de fazermos parte da programação oficial do aniversário da cidade, mas infelizmente não houve local adequado pra realizar os planos.
Também fomos chamados para uma entrevista na TV, entrevista pra um canal de YouTube local sobre RPG (ainda vamos postar essa), viramos assunto de Uber e acabamos conhecendo a turma da Oficinas Lúdicas que já fazia alguns encontros de boardgames fechados no IFPA.
Aliás encontrar a turma do Prof. Leno Meireles e do Alisson Belém (que ao contrário do que o nome indica, é de Salvador e não daqui) foi fundamental. Uma preocupação que a gente tinha era que dessa vez o público que iria estar no evento seria apenas pra jogar. Se alguém não tivesse mesa ou um instrutor pra lhe guiar, não teria outra atração pra ver e tentar voltar mais tarde pra jogar. Conseguimos uma boa quantidade de monitores pra nos ajudar, e junto vieram mais alguns jogos.
E finalmente, depois de dois meses de preparação, abrimos as portas pro I Encontro de Boardgames Cabana do Elfo. E já tinha gente esperando a sala ser aberta antes da gente chegar, um grupo que jogou conosco na sala do Traccaiolli em novembro.
Não dá pra descrever a minha alegria em ver cinco mesas já rolando quando eu finalmente pude entrar no evento (estava ajudando a organizar a área de alimentação) e de já ter jogadores que me conheciam pelo nome.
Conseguimos dobrar de tamanho de um evento para o outro. De 14 para 28 jogos, de 5 monitores em novembro para 11 em janeiro, de 6 para 12 mesas. E o público de Castanhal não nos decepcionou. Era domingo de manhã mas a sala estava cheia, com jovens, crianças, pais. Mesmo depois do almoço o movimento continuou, com mais gente chegando, que ficou sabendo que estavam rolando jogos no SESC.
Preparamos alguns chaveiros pra distribuir no evento, uma lembrancinha do dia. Fizemos poucos pra não correr o risco de sobrar. E no final o público corria pra responder as perguntas que fazíamos valendo o acessório. Vibravam quando ganhavam. Era algo simples, mas ver a reação de quem ganhava fazia a gente perceber que estávamos fazendo algo bom pras pessoas que estavam ali conosco.
Eu, como pai, pude conversar com outros pais que estavam no evento, sobre as crianças, e como era valiosa aquela experiência de colocar os pequenos pra se divertirem uns com os outros de forma segura e sem telas. Pude ver as crianças estranhando a ideia de um jogo analógico quando chegavam, e depois se divertindo com os pais.
E conforme o evento ia chegando ao fim, o público vinha falar com a gente, trocava palavras de carinho, elogios ao evento, agradecimentos pelo dia. Um grupo de crianças com quem sentei e ensinei o primeiro boardgame que comprei veio se despedir e falar com orgulho que tinham vencido o jogo (e ainda levaram dois chaveiros acertando perguntas).
Pra nós da organização, foi um dia puxado, pulando de mesa em mesa pra ensinar, tirar dúvidas dos colegas, mas o cansaço no final do evento foi, mais uma vez, cheio de satisfação com todo o movimento no local e comentários positivos do público.
E agora que eu sei que o sucesso no Traccaioli não foi apenas sorte, mas que existe público em Castanhal que quer jogar mais vezes, a vontade de fazer um evento mensal só cresceu. Em uma hora de conversas após o evento já foram tantas ideias legais pra fevereiro.
O que a gente poderia dar além de chaveiros? Será que um dia por mês é suficiente pra gente estar perto desse público tão empolgado?
A gente tá pensando nas repostas dessas perguntas e outras.
Que venha fevereiro.
E, mais uma vez, muito obrigado pelo carinho e empolgação de quem estava conosco nesse domingo.
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