Toda última quarta-feira do mês os apoiadores da Dragão Brasil recebem o link para download da nova edição. Em junho saiu a edição nº 156 da mais antiga revista de RPG do país, com 102 páginas de conteúdo.
A minha leitura das edições da Dragão Brasil está bem atrasada (na prática ainda estou lendo a edição nº 130), então dei uma lida apenas mas principais matérias para poder fazer essa resenha.
Streets of Rage
A primeira matéria de capa (a Dragão Brasil trabalha com capas variantes) é uma adaptação da franquia de games Streets of Rage para 3D&T Alpha e Karyu Densetsu. Se tratando de um estilo de game clássico (beat'em up), a escolha dos sistemas para a adaptação foi bastante coerente.
A matéria, como de costume nas adaptações, traz as fichas de alguns personagens jogáveis e vilões do game para serem usados como NPCs ou mesmo como personagens dos jogadores. Como nunca joguei a franquia, fica difícil opinar, mas os personagens pareceram muito poderosos: tirando Cherry Hunter que é feita com 12 pontos (3D&T) e claramente está no início da "carreira" de vigilante, os demais personagens tem uma média de 20 pontos, ficando difícil usá-los em uma campanha regular.
Claro, essa impressão pode estar errada pelo fato de eu nunca nem ter ouvido falar do jogo. E aí está outro problema que me incomodou bastante na matéria.
O gênero beat'em up não tem muito o que se adaptar em regras, ainda mais em sistemas que já foram feitos para lidar com adaptações de videogame. Você basicamente anda pra frente e bate em quem ou o que aparecer pela frente, até chegar no chefe. É puramente rolar a Força de Ataque continuamente contra hordas de inimigos.
E no entanto a matéria gasta mais espaço se preocupando com regras que não são nada diferentes do que já existe no livro básico ou no Manual do Defensor e dá pouco foco para a trama dos jogos. Precisávamos mesmo que fosse explicado que o frango que os personagens encontram vez ou outra ao derrotar inimigos funciona como um item cura média? Com o pouco que é falado do cenário, acabei achando bem exagerados as pontuações dos personagens, além de não ajudar muito a fazer uma mini-campanha ambientada no cenário.
Heróis Exóticos
Na segunda matéria de capa, são apresentados alguns personagens pouco convencionais para mostrar a versatilidade que o Tormenta 20 permite.
A matéria apresenta cinco personagens no 6º nível: um minotauro bardo, um goblin bucaneiro, um golem druida, um trog (ou será que não?) nobre e um osteon (esqueleto) inventor.
Dentro do mundo de Tormenta, que nasceu em 3D&T, esses conceitos não chegam a ser surpreendentes, mas é interessante ver como as mecânicas do novo sistema parecem funcionar bem para ações de combate fora do básico "eu ataco com a espada".
Gazeta do Reinado
A sessão responsável por atualizar o cenário de Tormenta com notícias oficiais e ideias de aventuras no formato de um jornal chegou com spoiler seguido de spoiler e intercalado com spoiler.
Para quem acompanha o cenário apenas através dos livros de RPG, essa edição serve para atualizar os jogadores sobre os eventos que ocorrem no romance A Deusa no Labirinto. Se você ainda pretende ler os romances (recomendo) e é sensível a spoilers, pule essa sessão.
Outras sessões
Na coluna Dicas de Mestre, Marcelo Cassaro fala sobre... Comida! Afinal, não é só nos beat'em ups que comer ajuda os heróis. A matéria tem direito a algumas receitas saídas de Final Fantasy XIV Online! Final Fantasy dá as caras também na coluna Chefe de Fase, com o clássico vilão Sephirot.
Já Leonel Caldela fala sobre esqueletos na coluna Toolbox. Mas não aquela criatura clássica que os aventureiros enfrentam em cemitérios, torres de magos necromantes, etc. Os esqueletos agora são uma raça jogável no novíssimo Tormenta 20.
Na Caverna do Saber, Guilherme Dei Svaldi não esperou nem um mês do lançamento do pdf (por enquanto, só pra quem apoiou o financiamento coletivo de 2019) pra já trazer regras variantes para Tormenta 20, com uma lista de desvantagens.
A revista tem ainda um conto (Este Mundo Como É), o Encontro Aleatório, (sobre perfil e background), Gabinete de Saladino (a sessão de filmes de terror trash que continuo sem entender porque está na revista...), Tesouros Ancestrais (Medo? Eu?) e Pequenas Aventuras (A Ilha da Fênix).
No final, a edição reflete a situação atual da Jambô: os pontos fortes da edição ficam concentrados no material de Tormenta, que tem sido o foco da editora em 2020, deixando os outros sistemas esquecidos. Entretanto, a edição conseguiu ser melhor que as últimas edições no geral.
Daniel Bandeira em "Cartas na Mesa – As Famigeradas Mesas Pagas"
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